Pesquisadores do Projeto Brumadinho UFMG realizam trabalho de campo em municípios atingidos

Publicado em 03/02/2020

O Projeto Brumadinho UFMG é composto por 67 subprojetos que buscam identificar e avaliar as necessidades emergenciais das populações atingidas pelo rompimento da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, ocorrido há dois anos. Parte vital das metodologias de pesquisa dos quatro eixos de pesquisa (Ambiental, Socioeconômico, Saúde e Infraestrutura) é o trabalho de campo. Nessa etapa dos estudos, serão coletadas amostras, provas científicas , que permitam, a partir da análise, a identificação e avaliação dos  impactos, perdas e danos decorrentes do rompimento. 

Cada pesquisa detalhou no projeto aprovado todo o processo a ser produzido, visando garantir o devido rigor técnico-científico e considerar as questões éticas que envolvem uma pesquisa de campo. Essa etapa é essencial para a obtenção precisa de resultados que são aguardados com grande expectativa pela população, por darem uma dimensão das ações necessárias para recuperação dos impactos decorrentes do desastre. 

O rompimento da Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, ocorrido no dia 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho, Minas Gerais, lançou aproximadamente 12,7 milhões de m³ de rejeitos de minério de ferro que atingiram de maneira direta a bacia do Ribeirão Ferro-Carvão e de forma indireta toda a extensão do Rio Paraopeba. Portanto, todo o território envolvido pela extensão do Rio Paraopeba e seus afluentes  é área de atuação dos pesquisadores, onde eles realizarão o seu trabalho de campo.

Para atingir os objetivos de pesquisa propostos, cada subprojeto possui um planejamento e uma estratégia de coleta de dados próprios à sua área. Algumas pesquisas farão coleta das águas e do solo, dos sedimentos e rejeitos nelas depositados, enquanto outras vão coletar as carcaças de animais mortos, a urina, pelos e sangue de animais domésticos e silvestres para determinar a presença de metais e metalóides em seus sistemas, e também existem aquelas cujo trabalho de campo implica em levantar dados juntos às populações atingidas.

Confira mais detalhes sobre os projetos da área ambiental que deram início a atividade de campo:

Fauna

O Subprojeto 05, Coleta de Animais da Fauna em Áreas de Mata na Bacia do Rio Paraopeba para Análise Toxicológica, coordenado pelo professor Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, começou recentemente a fazer o trabalho de campo. A equipe é pequena, mas conta com a participação de professores e professoras da Escola de Veterinária e do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, estudantes de doutorado, mestrado e mesmo da graduação, que fazem iniciação científica, além de mateiros da região contratados para a abertura de caminhos. Esse  trabalho fará uma coleta de amostras biológicas em animais silvestres. Para isso, após a colocação de armadilhas, a equipe está capturando mamíferos para a coleta de pelo, urina e outros materiais para realizar a análise toxicológica. Devido ao uso de armadilhas fotográficas, eles também estão documentando os animais presentes na região.

Fonte: Equipe de pesquisa do Subprojeto 05 do Projeto Brumadinho UFMG

O Subprojeto 07, Coleta de Amostras Biológicas em Animais Domésticos para Análise Toxicológica, está em campo desde o ano passado, também coletando amostras para análises histopatológicas e toxicológicas. O subprojeto, sob coordenação do professor Antônio Último de Carvalho, tem como objetivo investigar a saúde dos animais domésticos, sejam eles de companhia, como cães e gatos, ou animais de produção, a exemplo de bois, vacas, carneiros e cavalos. A equipe, formada por mais de 40 membros, entre médicos veterinários, mestrandos, doutorandos, alunos de graduação e professores da Escola de Veterinária, está tendo bons resultados, principalmente em relação aos cães e gatos, e estão sendo muito bem recebidos pelos moradores. Essa parceria é muito importante para o sucesso da pesquisa!
 

Fonte: Equipe de pesquisa do Subprojeto 07 do Projeto Brumadinho UFMG

Em relação aos animais que morreram nos últimos meses, quem atua são os professores e estudantes de pós-graduação que compõem a pequena equipe do Subprojeto 06, Coleta de Amostras de Animais Domésticos e da Fauna Mortos para Análise Patológica e Toxicológica. Eles estão à espera de chamados da comunidade e reportando a morte de animais domésticos ou da mata para que possam fazer a necropsia, ou seja, analisar o corpo e retirar pequenas amostras. Além disso, o subprojeto busca determinar o que levou à morte daquele animal. 

Quer entender quais os objetivos que justificam a coleta de amostras biológicas para a pesquisa? Confira nosso vídeo, onde o coordenador da pesquisa, médico veterinário Dr. Felipe Pierezan, nos apresenta as pretensões do estudo.

ÁGUA

O Subprojeto 10, Coleta de amostras de água subterrânea da bacia do rio Paraopeba para determinação de metais, metalóides, microrganismos termotolerantes e Escherichia Coli, coordenado pela professora Dra. Clésia Cristina Nascentes, deu início ao trabalho em campo. A equipe conta com a participação de mais oito pesquisadores, entre eles professores, técnicos, bolsistas de mestrado e bolsistas estudantes de graduação.

A pesquisa será realizada em 144 pontos de coleta. As amostras de água serão analisadas de acordo com os protocolos descritos no Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras da ANA (Agência Nacional de Águas, 2011), para fins de determinação de metais e metalóides (totais e dissolvidos), microrganismos termotolerantes e Escherichia coli. 
 

Fonte: Equipe de pesquisa do Subprojeto 10 do Projeto Brumadinho UFMG

Devido aos relatos de águas de abastecimento com alto teor de sólidos suspensos em propriedades rurais da região afetada, os pesquisadores optaram por inserir também a coleta de material para determinação de metais e metalóides dissolvidos. No podcast a seguir, você descobre quais são os elementos analisados pelo subprojeto 10 e o que eles podem indicar sobre a qualidade da água dos locais atingidos:

SOLO

Os subprojetos da área de Geografia possuem uma importância estratégica dentro do Projeto Brumadinho UFMG: eles são responsáveis por produzir uma série de mapas das regiões do Ribeirão Ferro-Carvão e da sub-bacia do rio Paraopeba, áreas diretamente atingidas pelo desastre do rompimento da barragem. Os mapas servirão de base cartográfica para outras pesquisas realizadas no âmbito do Projeto Brumadinho UFMG. 

Durante o mês de janeiro, o Subprojeto 02, Mapeamento de uso e cobertura do solo na sub-bacia do Ribeirão Ferro Carvão, coordenado pelo Prof. Dr. Rodrigo Nóbrega,  iniciou o trabalho de campo. A pesquisa irá se apoiar em um conjunto de metodologias, utilizando Geotecnologias como: imagens de satélite, levantamento aéreo por veículo não tripulado, posicionamento por  GNSS, processamento digital de imagens por deep learning e análise espacial via sistemas informativos geográficos em perspectiva multitemporal.  

  

Fonte: Equipe de pesquisa do Subprojeto 58 do Projeto Brumadinho UFMG

Em fase de planejamento do campo, os Subprojeto 58 - Mapeamento e caracterização dos estabelecimentos agropecuários pertencentes à sub-bacia do Ribeirão Ferro-Carvão, coordenado pelo prof. Dr. Diego Macedo, e o Subprojeto 60 - Zoneamento ambiental produtivo - ZAP das Sub-bacias do Ribeirão Ferro - Carvão, coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Lobo, iniciaram, em 21 de janeiro deste ano, ações exploratórias nos territórios onde serão desenvolvidos os estudos, a fim de organizarem a entrada em campo dos pesquisadores. 
 

Fonte: Equipe de pesquisa do Subprojeto 58 do Projeto Brumadinho UFMG

Quer saber mais sobre a equipe responsável por mapear o uso e a cobertura do solo na Sub-bacia Ferro-Carvão? Venha conhecê-la em nosso vídeo:

 

Por fim, há de se pontuar que a natureza do trabalho de campo é único em cada pesquisa, como demonstra a variedade de coletas apresentadas anteriormente. 

Os subprojetos de outras áreas, como a Socioeconômica e a Saúde da População,  estão se preparando para a entrada em campo nos próximos dias e reunirá informações diretamente com os moradores dos territórios atingidos por meio de questionários e entrevistas. Esta etapa é complementar ao trabalho de coleta de dados dados secundários, isto é, dados disponíveis no Censo do IBGE, nas bases de dados sobre saúde do DataSus (DATASUS – Ministério da Saúde (saude.gov.br), em balanços de informações sociais como a  da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e outras fontes publicadas em órgãos oficiais. 

Toda a equipe de pesquisadores do Projeto Brumadinho segue firme em suas pesquisas para identificar os impactos socioeconômicos, ambientais, na saúde e na educação dos municípios atingidos e continuará intensificando os esforços nos próximos meses, quando serão entregues os primeiros resultados tão aguardados por toda a população. Para acompanhar o andamento do Projeto Brumadinho UFMG, continue visitando nosso site: www.projetobrumadinho.ufmg.br