Entenda o monitoramento de qualidade de água e o que ele pode indicar sobre sua região

Publicado em 29/10/2020

O Brasil é o país que possui a maior quantidade de água doce do mundo, concentrando, em seu território, cerca de 12% do total existente. Essa água, que é superficial ou subterrânea, está distribuída entre rios, aquíferos e represas e é utilizada, sobretudo, para abastecimento da população, irrigação de plantações e para o setor industrial. Para que essa distribuição ocorra, porém, é preciso que haja determinados níveis de qualidade da água.

A resolução CONAMA nº 357, de março de 2005, instituiu o monitoramento dos cursos d’água e o definiu como “medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo de água”. A partir daí, a Agência Nacional da Água (ANA), em parceria com órgãos estaduais, iniciou o monitoramento da qualidade das águas superficiais e subterrâneas para determinar se esse recurso natural está apropriado para seus diversos usos. Mas como é feito esse monitoramento?

Água sendo analisada por pesquisadores da ANA

Foto: arquivo Agência Nacional de Águas (ANA) 

As principais práticas que envolvem esse controle de qualidade se baseiam na coleta de dados e amostras em locais específicos (georreferenciados), feita sazonalmente, para analisar as concentrações de elementos físicos, químicos e biológicos na água. O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é o principal indicador qualitativo do país e possui como parâmetros de análise a temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, resíduo total, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total e turbidez.

O monitoramento, portanto, tem como objetivo avaliar, acompanhar e interpretar os níveis de qualidade da água em diversas regiões do país. Existem, ainda, modalidades de monitoramento que se diferenciam com base no objetivo de determinada análise:

  • Monitoramento básico: é realizado em pontos estratégicos para acompanhamento da evolução da qualidade das águas, identificação de tendências e apoio a elaboração de diagnósticos. Normalmente, varia de acordo com os ciclos hidrológicos e se estende por período indeterminado.
  • Inventários: a análise é feita de forma mais intensa de um ou mais parâmetros de qualidade, com o objetivo de estabelecer um diagnóstico de um trecho específico de curso d’água. Essa modalidade está relacionada com o acompanhamento de ações antrópicas na região e, por isso, possui tempo determinado.
  • Vigilância: o controle feito nesta modalidade é realizado em locais onde a qualidade das águas é fundamental para um determinado uso (especialmente para consumo humano) ou em locais críticos associados ao uso da água. Aqui, as análises são feitas praticamente em tempo real e permitem identificar alterações específicas, exigindo ou não a tomada de providências.
  • De Conformidade: o acompanhamento e as análises são feitas pelos usuários de determinado curso d’água (automonitoramento) a partir de demandas legais estabelecidas por órgãos públicos.

A partir do monitoramento, os órgãos responsáveis emitem um parecer que determina a qualidade da água analisada. Segundo as classes de enquadramento da ANA, os corpos d’água são classificados por Classe Especial, Classe 1, Classe 2, Classe 3 e Classe 4, sendo a primeira de qualidade mais alta e a última de pior qualidade.